As sombras do tempo.

O Mundo se move

A vida passa

e nada fica no mesmo lugar

Se olhar direito

Pro dia de ontem

Talvez a gente reconheça

Em sombras que se escondiam

Muito mais coisas ocultas

Nas dobras da escuridão

Pensamentos se cruzam

Qual se arroios fossem

E o tempo que passou-se ontem

Hoje nos trouxe

Um pouco mais de força

Talvez energia nova

Um certo apoio

Um abrigo no peito

O trigo apartado do joio

E que prova valer a pena, ainda

Prosseguir de alguma maneira

Pode ser que à margem do caminho

Pisando leve e pelas beiras

O nosso breve tempo

Que a cada dia se prolonga

Mais e mais

Um barco no rio

Quem sabe um dia frio

Onde não cabe um abraço

Um espaço de tempo

Antes que a tempestade desabe

Talvez uma vida sem paz

Um sonho um tanto pesado

No sono, a cada dia mais suave

Enquanto o tempo a vida leva

E talvez a gente nunca entenda

A estupidez ilógica

Que determina

Se existe uma vida de verdade

Com a qualidade

E a opção de ser feliz

Ou então

Se o mundo é somente

Uma ferida aberta

E não existe um lugar

E nem hora certa pra nada

Portanto

A gente vai pisando à margem

Andando pela beira pra sempre

Felicidade

Somente uma lenda

Até que o mundo compre o corpo

de quem não pôs a alma à venda.

Edson Ricardo Paiva.