PATÉTICO

Patético

Helena a doce como o mel e aborrecida

como a fera que a quer patética

Patético os dias na enfermaria da dor

O silêncio principia um som em ais, alheio

São as mulheres que mourejam, contam segredos.

As enfartadas, a divertículo e a marca-passo.

Apesar das agulhadas,dos braços roxos,

das escuras olheiras e dos corpos cansados

Troca na conversa a vida vivificada

Coincidências em mulheres sofredoras de uma enfermaria.

II

Patética primavera pervertendo o céu

numa nada abstrata ânsia

Cólera de potentes forças

Junção cruel de elos.

Nos corpos expostos o fim de estações

Movimentando a carne

Azeitonado líquido, borra tempestades.

Edemas extremos, unção de umidade e desprezo

Máximas de crueldade

Batatas- doces, bardanas , bananas .

Lubrificando o que em excesso já retém .

Patética vida , patético corpo,

Dormindo onde não se pode nem os olhos fechar.

Destinado a não ter nenhum destino

Impotente frente ao potente determinador .

Neuza Ladeira
Enviado por Neuza Ladeira em 15/08/2007
Código do texto: T608785
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