PATÉTICO
Patético
Helena a doce como o mel e aborrecida
como a fera que a quer patética
Patético os dias na enfermaria da dor
O silêncio principia um som em ais, alheio
São as mulheres que mourejam, contam segredos.
As enfartadas, a divertículo e a marca-passo.
Apesar das agulhadas,dos braços roxos,
das escuras olheiras e dos corpos cansados
Troca na conversa a vida vivificada
Coincidências em mulheres sofredoras de uma enfermaria.
II
Patética primavera pervertendo o céu
numa nada abstrata ânsia
Cólera de potentes forças
Junção cruel de elos.
Nos corpos expostos o fim de estações
Movimentando a carne
Azeitonado líquido, borra tempestades.
Edemas extremos, unção de umidade e desprezo
Máximas de crueldade
Batatas- doces, bardanas , bananas .
Lubrificando o que em excesso já retém .
Patética vida , patético corpo,
Dormindo onde não se pode nem os olhos fechar.
Destinado a não ter nenhum destino
Impotente frente ao potente determinador .