O Afogado (fragmento)

Toco a decepção como pássaro matutino,

constantemente, de passo em passo venho

despertando distante.

Sozinho, não tenho meios notáveis

de praia ou bosque, não estou presente,

vivo ausente.

De noite sou, o dia passou, foi cheio

como foi cheio minha boca.

E o céu noturno como eu mostra

o que carece-me.

O que tenho o silêncio diz...

Vivi e muitas vezes continuei.

Estou vencendo, diz o prazo de validade.

Para que não me procureis em busca de uma

solução insondável.

Não busque saber quem sou nem me chameis:

não tenho tempo o suficiente. Nem pergunteis

meu nome grego, nem meu estado independente do teu.

Só quero ficar mergulhado no meu satélite natural,

no meu espaço ferido em que tudo é muito relativo.

- Fragmento de O Afogado.

Leandro Ferreira Braga
Enviado por Leandro Ferreira Braga em 05/10/2017
Reeditado em 14/11/2017
Código do texto: T6133756
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