DISTANTE TEMPO...

Sou o tênue mistério da vida
concebendo em noites imaturas
nascentes de manhãs incoerentes
onde a felicidade nunca perdura.
Sol escaldante de um árduo caminho
cuja derradeira fonte talha distante:
- sou flor sem viço e também espinhos.
 
Vale ressequido de doces beijos,
sou canto que sonhava ser eterno
e calou-se na alma partida ao meio:
- sou a nudez pálida das suas mentiras.
No sal da vertente lágrima em anseio,
cauterizo as chagas das feridas
e acolho em meu infecundo seio
um turbilhão de emoções vencidas.
 
Num corpo abatido pelo desejo
a saudade geme baixinho,
invade meu ser, profusa, confusa,
querendo o aconchego do antigo ninho...
Sou paisagem afixada na gravura,
inerte, irreal, distante do seu tempo.
Nesse vazio, sou dor que não tem cura!


20/08/2007
 
 
 
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 23/08/2007
Reeditado em 09/07/2011
Código do texto: T620879