Alguns Dias na Enfermaria

A mulher roubada a criança órfã os sobreviventes e a pessoa capturada

Já conheciam a cara do ladrão

que a todo instante lhes queria roubar a face.

Sentaram-se todos à mesa

A festa era a comemoração de sei lá o que!

Desconfiados dos demais

procuram à semelhança o que querem partilhar

Na nostalgia secular do gradeamento

Nos laços sociais um ser retido

O sonho foi satisfeito

No duplo do trapezista, lá encima no trampolim

O bêbado na platéia adormece e deixa a sombra assistir ao espetáculo

Aberto em flor seu sonho de morte

O passarinho pousa vivifica o irmão qual beija –flor

E Adelaide foi sem querer ir talvez mesmo sem saber

naquele sono anestésico bem humano

Com seu cabelo raspado nariz curvo e olhos chineses

Com suas delicadas filhas Carol e Gabi

Com seu jeito de menina jogadora de bingo espontânea

O dia de visitas transcorreu repleto de saúde um bem estar

se locomovia pela enfermaria.

No tom aquele amarelo nos cabelos nunca viu em vida tantas louras

Débora com seus cabelos negros e olhos embaçados

A cigana tinha que estranhar a marca registrada nas novas gerações

Amorosa e febril com sua Tatiana são felizes.

Dona formiguinha e sua tocha sabiam que não deveria soltar os cabelos ao vento.

Andou sem fim jejuou e comungou.

Choram muitos seus olhos

São regaços esquecidos lá atrás

Falando do sujeito, o filosofo deixou claro

Que observou bem os homens

Poucos podem sobre si mesmos

Desejos pueris como água correndo pelo rio

Adoeceu ao se deitar no corpo do mundo

Esse das horas sociais, obrigação de cidadão

Sujeito a patrão e salário

Com tudo a pagar, até respirar!

Por isto que a alegria é desconhecida

Ela saiu da alma coisa que muitos desconhecem

Neuza Ladeira
Enviado por Neuza Ladeira em 24/08/2007
Código do texto: T621280
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