Extrínseco

Acordei desesperado no meio da madrugada,

No escuro total nada alcançava o olhar,

Apenas uma projeção do sonho que me despertara,

Ou melhor, enxerguei numa nuvem o meu pesadelo.

Nele eu vi que nunca mais seria feliz,

Nunca conseguiria fazer algo produtivo,

Nem mesmo ser capaz de ser importante ou amado,

Seria como ser pescador em meio a uma seca eterna.

Senti naquela hora uma angustia sem tamanho,

Ah como a morte me parecia mais apetitosa,

Não conseguiria viver meus dias como sonhei,

Sem nada, sem risadas e sem algo para me orgulhar;

Era como o beijo de um terrível dementador,

Sobrevoando minha mente em círculos,

Formando uma terrível tempestade sobre mim,

A chuva vinha das lágrimas que já me escorriam.

Eu queria me machucar, levantar e fazer isso,

Como alguém rasgando a si para encontrar algo,

Numa procura para achar algo valioso e evitar o sonho,

Nem mesmo que seja encontrar uma dor que me tire da cabeça essa dor.

Meu corpo treme como se minhas células vibrassem,

Meu corpo parecia que ia quebrar ou desmontar,

Uma dor que me percorre a partir da mente,

E para essa dor parecia não haver cura alguma.

Vampiros voando dentro da minha barriga,

Sensação absurda de sufocamento e nervosismo,

Tenho medo de viver para sempre nesse momento,

Mais medo de não poder escapar disso para sempre;

[Extrínseco: o sofrimento não é parte de mim]

(Data: 07 de Dezembro de 2017)

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