Sou eu o monstro a morder

Eu tenho vergonha de mim

E do que eu faço

Não me orgulho

Em ser um monstro

Não amo a mim próprio

E o meu opróbrio

É querer ser aquilo

Que qualquer monstro deseja ser

Não sou feliz e não nego

Que nasci da podridão

E contínuo nascendo e morrendo

Dentro do meu intestino

Vistes o que foi dito?

Não tenho casa e nem vitória

A memória que guardo sobre a minha história

Se repete inúmeras vezes

Sou o ordinário de minha exceção

Que sofre por ser desigual

E que espera um novo amor

Para que este rejeite a mim

Assim acaba a monstruosidade

Volta a criança mimada

Que volta e meia cresce

E morre