QUANDO EU ME FOR...

Quando eu me for...

Não quero ninguém perto de mim

Não quero sorriso de falso humor

Eu quero as flores no jardim

Pois, nos jardins são mais bonitas...

Na lápide eu quero inscritas

Em letras fartas de uma vida:

"A morte aqui jaz perecida!"

Ao invés de um pranto, quero um canto

Para afastar-me a soledade

Eu não sou diabo e nem sou santo

Sou apenas um homem com saudade...

Na tristeza, pode haver beleza

Se uma lágrima rolar sincera

Quando eu me for não quero a fala presa

Quero o amor do amigo e a primavera...

Quando eu me for...

Não quero os sons das carpideiras

Só emparelhadas nos meus flancos

Pois, eu jurarei pelas caveiras

Sobre o meu defunto muito franco

Carne que se vai ao decompor

Do mulato, negro até o branco...

Que a alma vive qual vapor...

E bem, bem depois que eu me for

Quero a distância das estrelas

Pra do infinito eu descreve-las

Com tudo que brotou-me do amor...

E no silêncio do infinito

Só escutarei a voz do Verbo

E se nesta terra esquecido?...

Eu retornarei, mas como servo...

Autor: André Luiz Pinheiro

07/11/2015