Musa Lusitana

Eu pedi ao mar que encurtasse

Que me aproximasse de ti.

Eu pedi ao mar que secasse

Para nele eu caminhar dias sem fim.

Tão jeitoso e verdadeiro foi meu pedido

Que Deus cuidou de o mar secar;

Sacrificou milhares das mais belas criaturas -

Sacrificou-as para o meu coração salvar.

Mortuário marinho

Carcaças em putrefação...

Longo (longuíssimo!) era o caminho

E tão triste a minha solidão.

Ao término de tanto tempo

- Findo o meu pesar -

Olharia o rastro vermelho deixado

Com as solas dos pés a sangrar.

Dizia-me: "Caminhais

Dias e noites num deserto de imensidão.

Incrédulo, caminhais, eis que,

Novamente, teus olhos a encontrarão".

E foi adentrando, por fim,

Em terras Portuguesas,

Pude contemplar Torres e Castelos,

Mas só não a sua Beleza...

Oh, minha Musa Lusitana,

Depois de tanto caminhar

Verei, então, cansado,

Que aqui não estarás.

Necrófago
Enviado por Necrófago em 13/02/2018
Reeditado em 30/06/2019
Código do texto: T6252246
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