Musa Lusitana
Eu pedi ao mar que encurtasse
Que me aproximasse de ti.
Eu pedi ao mar que secasse
Para nele eu caminhar dias sem fim.
Tão jeitoso e verdadeiro foi meu pedido
Que Deus cuidou de o mar secar;
Sacrificou milhares das mais belas criaturas -
Sacrificou-as para o meu coração salvar.
Mortuário marinho
Carcaças em putrefação...
Longo (longuíssimo!) era o caminho
E tão triste a minha solidão.
Ao término de tanto tempo
- Findo o meu pesar -
Olharia o rastro vermelho deixado
Com as solas dos pés a sangrar.
Dizia-me: "Caminhais
Dias e noites num deserto de imensidão.
Incrédulo, caminhais, eis que,
Novamente, teus olhos a encontrarão".
E foi adentrando, por fim,
Em terras Portuguesas,
Pude contemplar Torres e Castelos,
Mas só não a sua Beleza...
Oh, minha Musa Lusitana,
Depois de tanto caminhar
Verei, então, cansado,
Que aqui não estarás.