Infinita órbita particular.
Que ironia.
Antes mesmo de existir já sentia o peso do mundo nas suas costas.
Quando se fez presente enfim no mundo, quando atingiu uma alto grau de consciência de algo que não se dependia de um afeto considerado por filósofos natural, mesmo que fosse pra ser, se esforçava, só que nunca se encaixava.
Passou a ter uma órbita própria, a dos outros era um tanto nebulosa, confusa e cheia de falsas intenções.
E de falsos afetos não se alimenta uma alma, e sim um jardim onde era fácil crescer ódio e amargura.
Recolhida em sua galáxia particular conseguia sobrevivência, nem ao menos sentia falta do que não existia, o tal natural do filósofo que não entende suas partituras.
Navegava pelo seu oceano, nas águas tranquilas de um mar todo seu, mas quando falsas tempestades lhe cobriam.
Pensava nas estrelas que atrás das nuvens negras eram bem mais reais e brilhantes, que graça tinha chuva no deserto? Na sua consciência sabia que um oásis não é nada, só uma imagem de um delírio qualquer, e dessa ironia já não se vivia.