Origens

Venho de um lugar vazio

Sem ajuda humanitária

Um armazém de negrume

Apesar de tanta luz solar

Um sítio dividido

Entre quem festeja e quem lamenta

Os ricos batem palmas

Os pobres são abatidos

Mas morrer que é precioso

Ainda não vale a pena

Somos assaltados as vidas

O carro-bomba que temos

Para lutarmos por elas

Com aquilo que aprendemos

Mas falsificam o ensino

Tiram-nos a saúde

Dão-nos fome em vez de comida

Não nos deixam sair

Para falar, manifestar-se

Para trabalhar, para ajudar

Venho deste lugar

Pessoas ficam para trás

Adoram ser esquecidas

Não se querem ter para sempre

Querem ser saudade

Os sentimentos são peixes

Mal conservados, apodrecem

O amor não cria raízes

No coração de quem pode

Ajudar a salvar vidas

Aprendemos o que é sofrer

E depois disso morremos

O vento sopra, casas caem

As nuvens são baixas

As chuvas calam as músicas

Choros despertam

E as palavras já não saem

Ficam presas na garganta

Enquanto experimentamos a dor

De perder o nada

A única coisa que nos resta

E que sempre tivemos.

Widralino
Enviado por Widralino em 18/03/2018
Reeditado em 18/03/2018
Código do texto: T6283197
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