Vade mecum, vade retro.

Quando hoje lancei fora antigos sonhos

Em mãos viçosas, quentes e pueris,

Segredavam em meus ouvidos anjos vis

As lembranças dos momentos mais risonhos.

Não sabe aquela jovem quantos dias

Passaram àquelas margens amareladas

Quantos risos contemplaram nas calçadas

Aqueles livros, companheiros de alegrias

Ah criança! Aproveita tuas mentiras

Luz e sombra são ilusões de gente idosa

Aproveita tua penumbra vaporosa

Que em pouco, logo cedo é tu que expiras.

Se anteontem tal sorriso te valia,

Dez vezes tanto amanhã te atormenta;

Na manhã um peito é leito que acalenta

Então à tarde vê que ele a consumia.

Deixa-me só, vade retro, meu amor!

Preserva, pois, teus ouvidos inocentes

É alta noite e em pouco grita dor silente

Do tempo inteiro desta vida sem louvor.

Vai agora, escuta a voz da sensatez!

Abandona este sonho moribundo

Aproveita teus momentos, vê o mundo

Que a amanhã é chegada tua vez.