Cidade Temperamental
Domingo de manhã.
Nem o sol ainda boceja.
O nevoeiro que é uma coberta
Não acorda o chilrear das aves
Que ficou no ninho
Mais quente que na beira do telhado
Eu tento hoje como tentarei amanhã
Não esperar que alguém me veja,
Não trazer à rua a lembrança desperta
Andar com os olhos ao encontro das árvores
Ficar sozinho
Como alguém do rebanho tresmalhado.
Dorido de manhã.
Nem um véu que me proteja.
O primeiro que me der a mão aberta
Sofrerá meus dedos em mármores
Sentirá meu coração de pinho
Que nunca foi de ninguém como agora está abandonado.