O ÚLTIMO POEMA.

Tudo chega a mim

em pedaços.

(Cateiro de miúdos

dos meus encontros

com outros mundos,

conscientes ou não.)

Tudo chega a mim

fragmentado.

Não sinto o cheiro do todo,

nem sinto o gosto de nada.

Mesmo aquilo que vem, vai-se...

E parto de mim mesmo,

parte por parte.

E deito no chão da sala,

frio e seco,

qual pedaço de mármore.

Penso em dormir,

mas penso e não durmo

e levanto assustado e ando

a casa toda.

Cansado. Oh espírito cansado;

da orfandade cósmica,

de não poder brincar,

dessa solidão triangular,

de uma impotência monstruosa,

da mediocridade latente

de fronte a mim

e de toda a gente.

Não. Não farei mais versos,

enforcar-me-ei para

provar que sou sublime.

(Um poeta morto vale mais que um poeta vivo)

Fabiano Stopassolli
Enviado por Fabiano Stopassolli em 24/05/2018
Reeditado em 09/06/2018
Código do texto: T6345752
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