Reflexões de uma insônia
Melodia ouvida,
Poema lido,
Dor curada,
Momento vivido,
Prazer sentido,
Enigma decifrado.
São frutos de um passado
Que já não se fala mais sobre,
Um silêncio completo
Sobre as coisas que
Deixamos de fazer e sentir
Como se fosse a definitiva última vez.
Encontrei um lugar seguro
Para deitar minha cabeça
E ter um leve vislumbre
Da harmonia que era
Ter a total certeza
De que o sol brilharia
Pela janela do meu quarto
No começo d'outro dia.
Sua luz me tocaria,
Me faria abrir os olhos
E abraçaria-me em seu calor
Aquecendo-me para o começo do dia,
Como um amor que dorme
Ao outro lado da cama
Em uma manhã descompromissada
De um preguiçoso domingo.
Nada sobrou-me
Além da necessidade voraz
De encontrar um caminho
No temporário escapismo
De tudo o que não é real.
Eu sonhei que eu estava
Sozinho em um plano vazio,
Preenchendo-o com fantasias
Desenterradas do fundo de minhas ruínas,
Eu sonhei que eu estava acordado.
Está na hora de alimentar
O monstro que se esconde
Na falsa inocência
Dos desejos de
Se libertar e voar, sem que
Seja preciso fugir da gaiola
Que eu mesmo construí.
Eu brinquei de pique-esconde
Com minha própria identidade,
Eu me virei e contei...
Um, dois, três...
Ela sumiu
Eu procurei
Por todos os cantos
Sejam eles concretos ou surreais,
Eu quis parar com a brincadeira,
Mas por brincadeira,
Eu me tornei
Aquele que se esconde agora,
Será que eles conseguirão me achar
Quando eu estiver transparente
E fraco e incapaz
Para fazer qualquer coisa?
Não derrube lágrimas
Quando seu sonho
Se tornar mais um pesadelo
Em mais uma noite de angústias,
É da maneira que tudo deve ser,
Apenas proteja-se com orações,
Limpe o suor de seu medo,
Se cubra com seu lençol,
Se deite em seu travesseiro
E durma bem,
Boa noite, tenha bons sonhos
Em mais uma das infinitas vezes
Onde não se pode ao menos contar
Nas fugas para fora da realidade.