“Nega” Rosa

Onde foi parar o cravo desta pobre rosa,

Que sem seu negro cravo não desabrocha?

Perdeu seu companheiro de uma vida

Ou perdera sua vida por inteiro?

Que faz seu cravo noutras terras?

E o que faz ela sem seu cheiro?

Ambos açoitados pela ausência,

Pela fúria da ganância,

Semeiam “esperança” nos terreiros...

A “nega” Rosa em desespero,

Despetala-se e desnuda-se

Diante dos devaneios e delírios

Dos alvos lírios, em cativeiro.

Crepúsculos intermináveis de tormento.

Pesadelos noites a fio a apavoram!

Lírios que a violentam na aurora...

Cicatrizes por fora e por dentro.

Medo por dentro e por fora!

“Quem dera também ela fosse embora!”

Quisera ela que a levassem no “negreiro”...

Sem pétalas, sem sonhos e só “em espinhos”

Clamava em seu canteiro:

“Vem me buscá, meu nego cravo guerreiro!”

Carlos Borges
Enviado por Carlos Borges em 05/09/2007
Código do texto: T639534
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