“Nega” Rosa
Onde foi parar o cravo desta pobre rosa,
Que sem seu negro cravo não desabrocha?
Perdeu seu companheiro de uma vida
Ou perdera sua vida por inteiro?
Que faz seu cravo noutras terras?
E o que faz ela sem seu cheiro?
Ambos açoitados pela ausência,
Pela fúria da ganância,
Semeiam “esperança” nos terreiros...
A “nega” Rosa em desespero,
Despetala-se e desnuda-se
Diante dos devaneios e delírios
Dos alvos lírios, em cativeiro.
Crepúsculos intermináveis de tormento.
Pesadelos noites a fio a apavoram!
Lírios que a violentam na aurora...
Cicatrizes por fora e por dentro.
Medo por dentro e por fora!
“Quem dera também ela fosse embora!”
Quisera ela que a levassem no “negreiro”...
Sem pétalas, sem sonhos e só “em espinhos”
Clamava em seu canteiro:
“Vem me buscá, meu nego cravo guerreiro!”