Enfeiamento

Hoje eu me vi no espelho

Hoje eu me vi nas rachaduras

O meu rosto não parece o mesmo

Cadê aquela doce beleza?

Vou dedilhando os detalhes

Os contornos, as expressões

Eu sei bem o quanto tenho beleza

Mas eu sinto que estou desfigurado

Tento enxergar o fundo dos meus olhos

É tanto medo que não consigo ver ou sentir

É como uma janela que está fechada

Não há nada que eu possa ver dentro

Eu toco em minhas próprias mãos

Elas estão tão trêmulas, assustadas

E o meu coração já não sinto mais na palma

É como se estivesse em uma linha reta, opaca

Vejo que não estou usando mais minha melhor roupa

Eu escolhi a dedo como forma de me esconder

Pois sei que nada mais sou do que uma carne

E que me mesmo escondido, todos dão um jeito de apreciar

O espelho fica turvo, não vejo mais

Dou um jeito de limpá-lo, mas eu não consigo

Apenas vejo pequenos pontos de mim

Pontos esses que são meus machucados

Se me restou algum sentido, são minhas lágrimas

Eu já não encontro mais nada em volta de mim

São sete horasm eu preciso enfrentar a vida

Com um silêncio e palavras escritas em um celular

Sofia do Itiberê
Enviado por Sofia do Itiberê em 22/07/2018
Código do texto: T6397331
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.