Hoje Chove

"Tão quanto como chovia naqueles dias em que gritava meu nome, ontem chovia, e hoje o sol secou tuas lágrimas e minhas esperanças sem nome onde não ouço mais o meu..." - Amaya no Yokai.

Hoje Chove,

E molha lentamente o orvalho

o que temo.

Abraço a solidão e a tristeza

junto aos maldizeres impessoais,

Escrevo no escárnio e na ironia

mas sem ao amor desdenhar.

Sou pouco menos que poeta

E se fores eu, hei ser de loucos

Entre as esquisitices insanas de minh'alma...

Onde punha como servo

correndo do corpo de donzela

indo à fronte avermelhada

junto a orgia e a boêmia.

Não endeuso os grandes deuses

que por eles fizeram o que sou...

Sheakspeare e Alvarez,

junto a Byron, Poe e Magalhães;

Da fantasia a sombra satânica da noite,

Do amor, o corvo que parte o carpir

e a lágrima amarga que desce a garganta

e desdenha a verdade.

Hoje Chove,

e inunda as lembranças

junto a vontade desgraçada

de ser algo a mais.

Então... Boêmia lasciva

Dança junto à volúpia

na minha frente...

Aperta e aparte o peito meu,

Sufoca os desejos de meu espírito

inconseqüente e caótico,

leal, nem a si;

Baila embriagada,

imunda e profanada

como um anjo que caiu

sem baixo, nem guitarra.

Hoje Chove

E os bardos se escondem

Em vossas harmonias,

o trovador se parte;

Hoje Chove,

e junto à chuva choro

brilhando na treva como pus

que da ferida escorre na alcova.

Hoje Chove

e junto à chuva corre

o porre do vinho que embebeda,

os sonhos que suspiro e deliro,

um dia que esses hão de me matar.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 06/09/2007
Reeditado em 31/10/2007
Código do texto: T640990
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