Canção da Noite

Sinto do deleite o fulgor

E das chamas noturnas a volúpia,

Nas mãos tangentes o ardor

Das cordas que gemem e o gênio que espia

E da alma a melodia;

- Não ouves? Ouvis! És bela

Como o anjo de liberdade

Que estremece ao ver a face dela.

E não ouves que geme?

Como as lascivas do mancebo

E do trovador de bares

Que vai de boca a boca

Como se mendigasse atenção.

Eu choro junto a uma viola

De apenas quatro cordas,

Mas sem perder os ares, minha espanhola...

Canta e baila

Jogando ao vapor as madeixas,

Me embriaga!

Mas é somente um sonho

Um delírio da noite

Que na treva fria tristonho

Estás eu, acordado e satanicamente celeste.

Apenas por que... Tu aos beijos não vieste.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 07/09/2007
Reeditado em 11/11/2007
Código do texto: T642033
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