AMARGURA

Num tempo

da alma

em que o medo e a descrença se encontram;

e dançam juntos em noite funesta;

depois de uma semana desastrosa;

se perdeu respeito, pessoas e coisas,

onde se foi o tom da voz,

e ruiu o gosto da prosa.

Num momento,

onde as lágrimas são o único alimento,

onde ate o riso se esconde,

não mais incomoda a fome,

os cheiro, os sons, os encantos.

Onde o centro da sala se encolhe

e a casa se resume num canto;

onde as coleções de memórias,

sabotadas pela melancolia

transcendem o teu mundo negro

gerando a má euforia.

Num dia

onde a força acaba,

e aceitas perder pra ti mesmo,

ser chamado de fraco não ofende;

pois deste fosso quem se defende?

Quando o gosto da vida amarga

e não consegue enxergar mais o mel,

pois tua mente está toda fechada,

neste mundo rodeado de fel.

Neste minuto

em que a morte já não te é medonha,

pois tens medos mais densos cruéis;

onde brinca com os versos fúnebres,

e o silêncio é o som mais fiel;

onde o hit que eternizaria seria o solo baixo dos metais,

quando a única esperança que adoça

é o epitáfio “não está mais aqui”!

Já se foi sem deixar ideais.