Sem odor

A dor atormenta o homem como vício...

Tantos choram, tantos se afirmam em cilício...

Põem-se voluntariamente na embriaguez da tristeza!

Fealdade! É o ópio do ego: a autopiedade!

Negam-se a verdade do conforto em que se comprazem!

Sentem-se, não filhos, mas o aborto seco da estiagem

Como se Deus os tivesse concebido somente para a dor!

Como se a dor fosse-lhes o legado irônico do Amor...

Irônica auto-comiseração! Vaidade deformada...

Por ironia, real ironia, quem sobre não se esvai em dor...

Sofre apenas, dentro de si, qual flor seca, já sem odor...

Marco Aurélio Leite da Silva
Enviado por Marco Aurélio Leite da Silva em 12/09/2007
Reeditado em 24/05/2008
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