TORMENTA

Parece que o tempo emperrou.

A impaciência avança em ritmo frenético

Impulsionando o dolor arrebatador

Acrescido de desarranjos mentais.

Imóvel, não busco reação alguma.

Evidenciando total ingerência,

Parece que o cérebro tornou-se estático,

Olho fixamente para o vazio,

Esbarro em fragmentos desconexos

E continuo alheio à procura de nada.

Falta-me a concentração necessária.

Sinto meu pulsar agitado,

Talvez ignorando todo meu tédio.

Há muito descambei rumo a ruína.

Parece que a utopia foi instituída

Para resgatar todos os meus sonhos.

Uns mundos indesejados, traiçoeiros, suicidas.

Sinto que é um desprazer enlevar o amor.

A cada enojento dia que se arrasta,

Sou acometido por infortúnios

Que esmaecem meus lacrimosos olhos,

Causando inércia no corpo

E neutralizando todo o estado de ser.

A estafa é acrescida face ao relevante

Desamparo intelectual que se avoluma.

É um rancor solitário e inexplicável,

Desolando a tentativa de reação.

Pareço quedar abraçado ao conformismo.

Resignado pela enfadonha performance,

Inexisto para a intolerável passagem.

Num compasso mórbido e desolador,

Vi os anos se arrastarem velozmente.

Como que um inveterado zumbi,

Alheio às transformações truculentas

Que tornaram meu caminho sinuoso,

Sigo amargurado na clausura do tédio.

Vejo com crescente antipatia e desdenho

Os primeiros e enxeridos raios solares

Beijarem minha enrugada face.

Mais um despropósito a machucar.

O clarão do novo dia é pesaroso,

Onde a tormenta será mantida

E toda a infelicidade garantida.

=RESPEITE SEMPRE OS DIREITOS AUTORAIS=

"Escrevo o que sinto, mas não vivo o que escrevo"

Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 29/10/2005
Reeditado em 12/11/2005
Código do texto: T65034