Choque
Uma lágrima para no canto do olho
Não é possível chorar
Deitada no mormaço de final de primavera
A claustrofóbica casa amorna
Sentimentos cozidos em banho-Maria
Ou foi na frigideira que se fez?
O ar que passa lento nas narinas
Se estreita no pulmão asmático
Te ouço respirar pesada
Adormecida em sono profundo
Dos indutores e estabilizadores
Dessa corrente elétrica de onde
O choque
Chocada e em choque
Pisco os olhos
Mudo, um suspiro
O peso do peito
Constrange o choro que ficou
Sufocado
Na imensidão do teu amor