SONHOS ADIADOS

Agarro-me à porta dos sonhos

Todos os dias

Sabendo dar novos nomes

À agonia.

Soletro cada rótulo das escolhas

Cada fruto do desejo

Cada ano

Cada era

Sempre que penso

Ignorando o futuro

A tristeza recai

Na poltrona da sala estática

Exigindo o chá protocolar da memória

Servem-se as imagens dos descuidos

As frustrações com jeitinho

As delícias com empenho

E ficamo-nos na conversa

Sobre tudo o que teria sido

Nunca a receita é completa

Quando a tristeza parte

Novo dia

Nunca tanto quanto o tempo de uma vida

Só os sonhos adiados

Desprezo de uma vida

E os dias que se seguem