Sem nome
Abaixei minhas armas,
Afoguei minhas crenças,
Rendi-me da luta,
Enterrei tudo debaixo
De onde me vejo
Sorrindo e crescendo
Em anos passados esquecidos.
O eco me alcança,
Um grito que chegou
De uma distância imensurável
E somente pude ouvi-lo
Como um sussurro
Em minha surdez.
Não há lugar
Algum para poder
Reestruturar o que
Seguro em pequenos
Pedaços partidos
E cortantes em minha mão.
Nunca fui capaz
De encarar a despedida
Em seus olhos,
Sentir o que ela
Queira que assole
Eternamente em
Moldes para um
Futuro de relutar
E protestar contra
O que não se pode mudar.
Fiz o que me mandaram,
Recriei o que me tiraram,
Neguei o que me transformaram,
Fui o que me ensinaram.
Completei os ciclos
De imperfeita harmonia,
Rastejei até onde
Pude deitar-me
Em um inconsciente
Estado de desistência.
Até que todos
Os fragmentos de sensações
Sejam justificados
A um propósito maior,
Serei até lá
Um abrigo para
Todas suas aflições
Desamparadas e insignificativas.
E caladas ficam
Todas as entidades
As quais rezei
Incondicionalmente
Para ter como benção
Uma intacta chance
Para redimir o que
Fora marcado em mim
Por pecados involuntários.
De tão cedo
Que amadureci,
A podridão também veio
Para balancear
O que o destino
Não aceita de algo
Fora do ordinário e do óbvio.
Indistinguível se
Devo procurar
O que me espera,
Ou esperar até que
Algo me ache
Nestas condições
De desconhecidas inflições.
Enquanto escrevo
O que será repetido
Palavra por palavra
Em meu epitáfio
Sem nome
E sem corpo
Desalmado debaixo
Da terra úmida.
Serei iluminado
Por um tímido Sol fraco,
Refletindo mais uma vez
Que mesmo sob o efeito
De complicações e consequências,
Naquela velha vida descompromissada,
Eu poderia ter sido alguém.