Sem nome

Abaixei minhas armas,

Afoguei minhas crenças,

Rendi-me da luta,

Enterrei tudo debaixo

De onde me vejo

Sorrindo e crescendo

Em anos passados esquecidos.

O eco me alcança,

Um grito que chegou

De uma distância imensurável

E somente pude ouvi-lo

Como um sussurro

Em minha surdez.

Não há lugar

Algum para poder

Reestruturar o que

Seguro em pequenos

Pedaços partidos

E cortantes em minha mão.

Nunca fui capaz

De encarar a despedida

Em seus olhos,

Sentir o que ela

Queira que assole

Eternamente em

Moldes para um

Futuro de relutar

E protestar contra

O que não se pode mudar.

Fiz o que me mandaram,

Recriei o que me tiraram,

Neguei o que me transformaram,

Fui o que me ensinaram.

Completei os ciclos

De imperfeita harmonia,

Rastejei até onde

Pude deitar-me

Em um inconsciente

Estado de desistência.

Até que todos

Os fragmentos de sensações

Sejam justificados

A um propósito maior,

Serei até lá

Um abrigo para

Todas suas aflições

Desamparadas e insignificativas.

E caladas ficam

Todas as entidades

As quais rezei

Incondicionalmente

Para ter como benção

Uma intacta chance

Para redimir o que

Fora marcado em mim

Por pecados involuntários.

De tão cedo

Que amadureci,

A podridão também veio

Para balancear

O que o destino

Não aceita de algo

Fora do ordinário e do óbvio.

Indistinguível se

Devo procurar

O que me espera,

Ou esperar até que

Algo me ache

Nestas condições

De desconhecidas inflições.

Enquanto escrevo

O que será repetido

Palavra por palavra

Em meu epitáfio

Sem nome

E sem corpo

Desalmado debaixo

Da terra úmida.

Serei iluminado

Por um tímido Sol fraco,

Refletindo mais uma vez

Que mesmo sob o efeito

De complicações e consequências,

Naquela velha vida descompromissada,

Eu poderia ter sido alguém.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 24/03/2019
Código do texto: T6606141
Classificação de conteúdo: seguro