Amor incontrolado e prazer putativo

A noite gelada que passava rajadas de vento na minha estrutura,

Parecia o enrijecer de uma bela escultura,

Sentia que seria uma noite amavelmente pura,

Mas fui jogado de uma catapulta.

De tanto amor,

Houve tanta dor,

De tanto ardor,

Houve tanto fulgor,

Desse brilho jazia as cicatrizes de ambos os lados,

Todos os dois lembrando de seus passados,

Um enquanto havia sido segurado,

Outro quando sempre era rasgado,

De noite bela a trevas frustradas.

Enquanto um olhava para a parede reluzindo suas pratas,

Estava ouvindo meu coração em badaladas,

Uma das noites mais caladas,

De soluços que valiam mais que frases faladas,

Até quanto estaria fadada,

Que permaneceríamos de alma travada,

Foi quando olhei para minhas palmas.

A faixa de luz reluziu minha aliança no quarto em breu,

Olho para mãos trêmulas mas aquele sou eu?

O que foi que me aconteceu,

Perdi minha identidade quando o fogo escureceu,

Acabaram-se qualquer forças que havia na minha base,

Como se minha motivação toda se acabasse,

Estrava um traste,

Esse era uma deficiência que me amaldiçoaste.

Estuprei toda minha virtude,

Como pude,

Deus que me acue,

Antes que eu me fure,

Estou nos braços de quem sempre me segure,

Mas nos braços de quem nunca me deixou,

Esse ser nos seus olhos não olhou.

Nessas horas eu deveria lembrar de todo sacrifício,

De cada chicotada e prego para levar o vício,

Meu maior suplício,

Foi vê-la sem seu sorriso,

Pois eu não quero viver de malícia,

Não é esse tipo de amor que encontro nessa carícia.

Senti tanta vergonha de mim mesmo,

Fiquei apenas no esmo,

De abrir algo que já estava cicatrizando,

Passei de amante a aterrorizando,

Dondé que nessa parte estou amando?

É um sentimento tão novo e complexo,

As vezes me faz perder o nexo,

Me sinto pisando em ovos para não deixar nada ruir,

Que me esqueço que precisa de dois para nos construir,

É um molde de chapa quente,

Que nos faz com dor ardente,

E meu jeito de ser punido,

É que ela me rasgue com unha e dente,

Eu não sei se faço ela nesse momento contente,

Por mais que a gente tente.

No mesmo lugar que pousei, dormi,

Estava tão abalado que nem sorri,

Nenhuma piada fiz surgir,

Deixei a alegria ir.

Sinto vergonha de mim mesmo até o momento,

Dês da avenida que fui com o passado ciumento,

Estamos indo tão rápido e lento,

Que a vontade me torna um sedento,

Não tenho mais desculpas de eu tento,

Estamos em processo de desarmamento.

Cada um tira uma camada do parceiro,

Nos procurando por inteiro,

Podemos até nos conhecer,

Mas não significa totalmente ter,

Algo cria ressentimento,

Mas estamos em crescimento.

Agora tenho medo de suceder a mesma cama,

Com medo de jogar tudo na lama,

Não reconheço quem fui noite passada,

Mas são tentativas de amor frustrada,

Com ela me sinto tão bem que me torno o que sempre quis,

Ela me faz um eterno chafariz,

Sinto amor até quando esfrego a ponta do nariz,

E sei que não somos nenhum ator e atriz,

É o que condiz.

Não sei como me aproximar quando me deitar do seu lado,

Não quero permanecer calado,

Quero também me sentir amado,

Me corresponder animado,

Esperando o seu tato,

O seu beijo molhado,

O seu olhar enamorado,

Estou acuado,

Então espero seu passo,

Porque do meu prazer já comecei a fazer descaso.

Peço perdão,

Já de antemão,

Pois do fundo do coração,

Eu te amo de montão,

Nunca tive isso com ninguém mais,

E nunca corresponderei alguém assim jamais.

Sou todo seu com tudo que sinto,

Não minto,

Te ver toda solta é tão lindo,

Que eu sempre acabo sorrindo.

Saí do controle pois gosto de você me controlando,

Pois sei que estamos nos amando.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 14/05/2019
Código do texto: T6646846
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.