O dia de nosso senhor

O dia de nosso senhor

O fio tenta o pescoço conforme a noite desce as cortinas

As mãos e os braços, impacientes, lutam para pintar o céu preto de vermelho

Como quem não suporta a luz, mas não quer perder o sol de vista, os olhos se fecham contrariados

O corpo adormece e se deita, sem saber o que se passa e se voltará a se levantar

Horrorizada, a lua se esconde atrás de nuvens transparentes e continua observando fixamente

A força que repele a lâmina é a mesma que a quer guardar no calor da carne

A guerra solitária só pode terminar em luto ou luta e, de todo modo, a vitória não é alcançada

A sensação de alívio inebria o mundo com a realização do fim

Os sinos badalam como numa sinfonia apocalíptica

O fôlego é retomado subitamente e as lágrimas não se apresentam na sua deixa

As cortinas se abrem

A segunda-feira se apresenta com um sorriso sádico e uma reverência assustadora

Pedro Paz
Enviado por Pedro Paz em 02/06/2019
Código do texto: T6663456
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