O dia de nosso senhor
O dia de nosso senhor
O fio tenta o pescoço conforme a noite desce as cortinas
As mãos e os braços, impacientes, lutam para pintar o céu preto de vermelho
Como quem não suporta a luz, mas não quer perder o sol de vista, os olhos se fecham contrariados
O corpo adormece e se deita, sem saber o que se passa e se voltará a se levantar
Horrorizada, a lua se esconde atrás de nuvens transparentes e continua observando fixamente
A força que repele a lâmina é a mesma que a quer guardar no calor da carne
A guerra solitária só pode terminar em luto ou luta e, de todo modo, a vitória não é alcançada
A sensação de alívio inebria o mundo com a realização do fim
Os sinos badalam como numa sinfonia apocalíptica
O fôlego é retomado subitamente e as lágrimas não se apresentam na sua deixa
As cortinas se abrem
A segunda-feira se apresenta com um sorriso sádico e uma reverência assustadora