Pluma
E no fim de cada dia
tudo o que eu quero,
o maior dos meus desejos
é fugir daqui de dentro,
desse vazio de mim.
Mas como poderia eu?
falta-me o amor,
só não deixo de ser,
de fazer daqui a minha única casa,
o único existir.
Ponho-me a pensar:
se em cada partezinha de pele
há dor
latejando pelos cantos,
por que continuar insistindo?
Os pequenos momentos,
detalhes,
luzes em meio a escuridão...
até quando serão suficientes?
A verdade é que eu não sei.
Não sei de nada,
não tenho certeza de nada.
A vida sopra em constante furacão
e eu sou pluma.