Tempestade de neve

A palidez é apenas

Uma denúncia concreta

A escassez e saudade

Do calor que envolvia

Todas as camadas da pele.

Priva-se o céu agora

Numa censura cinzenta,

Não há mais o que

Encontrar em sua

Imensurável vastidão

Que já não esteja

Amaldiçoando o presente.

Enquanto é contagiado

O frio do silêncio e do ar

Pelas ruas onde

Não se vê mais estranhos

Completando as páginas

De suas próprias histórias.

Em uma rima melódica

O eco da brisa gélida

Aos prantos de minha

Respiração fraca,

Muda e irrelevante.

Exatamente como se

Vivêssemos no

Segundo instante

De uma sentença

Fatídica e insalubre,

Procurando por

Alternativas de aceitação

Num vazio inevitável.

Ou fôssemos o juiz,

A vítima e culpado

Numa corte onde

Sempre é indeciso

O rumo do julgamento

E evitado o resultado

Mesmo quando sabemos

Exatamente a resposta.

Cada vez mais retidos

Pelo acúmulo de neve

Que pesa nos passos

E sempre nos deixa sua trilha

Para vermos o quão

Longe fomos para

Desperdiçar nossos esforços.

Você, assim como eu

Previu os sinais e pistas

Que anteciparam a

Grandeza desta tempestade,

E deixou de lado as

Ações que poderiam impedi-la

Para agora estar cultivando

A própria culpa.

Para ser congelado,

Esquecido a acobertado

Até que nenhum vestígio

De ti pudesse ser

Parte da realidade

De alguém que escolheria

Abdicar todos os seus dias

À vontade dos teus.

Preso na metáfora

Que palpa a realidade

De um pássaro que

Fechou à vida

E abriu à morte suas asas

Na neve que o cobre

E eternamente o esvanece

Na frieza de um ponto final.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 18/07/2019
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