Tempestade de neve
A palidez é apenas
Uma denúncia concreta
A escassez e saudade
Do calor que envolvia
Todas as camadas da pele.
Priva-se o céu agora
Numa censura cinzenta,
Não há mais o que
Encontrar em sua
Imensurável vastidão
Que já não esteja
Amaldiçoando o presente.
Enquanto é contagiado
O frio do silêncio e do ar
Pelas ruas onde
Não se vê mais estranhos
Completando as páginas
De suas próprias histórias.
Em uma rima melódica
O eco da brisa gélida
Aos prantos de minha
Respiração fraca,
Muda e irrelevante.
Exatamente como se
Vivêssemos no
Segundo instante
De uma sentença
Fatídica e insalubre,
Procurando por
Alternativas de aceitação
Num vazio inevitável.
Ou fôssemos o juiz,
A vítima e culpado
Numa corte onde
Sempre é indeciso
O rumo do julgamento
E evitado o resultado
Mesmo quando sabemos
Exatamente a resposta.
Cada vez mais retidos
Pelo acúmulo de neve
Que pesa nos passos
E sempre nos deixa sua trilha
Para vermos o quão
Longe fomos para
Desperdiçar nossos esforços.
Você, assim como eu
Previu os sinais e pistas
Que anteciparam a
Grandeza desta tempestade,
E deixou de lado as
Ações que poderiam impedi-la
Para agora estar cultivando
A própria culpa.
Para ser congelado,
Esquecido a acobertado
Até que nenhum vestígio
De ti pudesse ser
Parte da realidade
De alguém que escolheria
Abdicar todos os seus dias
À vontade dos teus.
Preso na metáfora
Que palpa a realidade
De um pássaro que
Fechou à vida
E abriu à morte suas asas
Na neve que o cobre
E eternamente o esvanece
Na frieza de um ponto final.