LAMENTO DE UM ÂMAGO LÔBREGO
Num dia o tempo rasteja ferido.
Sangrando, insiste em correr lento,
fenece sob a angústia.
Seu corpo tórpido, impalpável paira.
Instaura-se o medo, o tormento.
Noutro, dispara distante a anos-luz,
levando consigo a esperança na urna,
calando o canto do tordo.
Abandona entre anseios lúgubres,
em estado tétrico, a criatura soturna.
Eis o desejo ébrio em pôr termo
à jornada incomensurável do horror!
Eis o fim do absurdo!
O desenlace odiosamente frio
de uma alma claudicante em dor.