Por onde andam os sonhos?
Por onde andam os sonhos?
O fogo que floresce nos corações arrependidos de não amar,
As lástimas que caem dos olhos dos que reabraçam a paz sublime de ter,
A juventude que volta e que nunca mais vai embora mesmo que a velhice diga que está chegando,
O ar tão puro, sem pecados, com todos aqueles que consideravam-se mortos, amando.
O sol que resplandece o amanhã e a noite que já vai despedindo-se do próprio adeus,
O calor que reacende as danças do salão azul dos céus,
A verdade que criei tornou-se criação absoluta de um lugar remoto,
Todos os corações que pararam voltaram a bater quando ouviram a canção que ecoava dos confins celestiais.
De todos os universos que pensamos existir, o nosso universo vira uma canção esquecida,
Uma sonata composta e nunca ouvida,
Pergunto-me o porque de todas as estrelas estarem tirando de nós seu brilho,
Mas caio em mim, e vejo que fomos nós que as apagamos.
Sol? Por onde estás indo? Não nos abandona nessa escuridão que nossas mãos causaram,
Eu te entendo, velho amigo, a despedida é um contrato que não permite voltar a corpos que nos quebraram,
Mas não esqueces sol, e lembre-se de avisar a tua lua, que estão nos sonhos que sonhei.
Na tempestade do inverno que rigora os corações,
A luz que chama-me é a mesma que largou-me no abismo,
Teu amor é tão egoísta que acerta-me o peito com farpões,
As palavras em mim vão - se com o vento e não resta-me nem do próprio ódio um sentimento.
Da fraqueza do que vive nos espinhos e na esperteza dos que vivem nas rosas,
Do teu chamado, o amado amor que talvez um dia me encontre,
Choro, só choro, choro em canto,
Porquê vejo que os sonhos que sonhei desmancharam-se prantos.