FUGAZ MELANCOLIA
A saliva ácida de uma vida amarga e os olhos ardendo de um lacrimogêneo invisível;
As dores de parto de um futuro natimorto e as cólicas crônicas de uma alma em um cenário de trevas sombrias;
Ruínas e escombros, palácios em lamas e castelos desmoronados;
Novos e velhos rumos agora sem planos como vetores desordenados sem a cobrança da razão;
Horizonte de eventos incertos, inertes e desertos em uma lógica irracional, errante, improvável e incalculável;
Passageiro no mundo sem ideal e que desde o agora prescinde da perfeição;
Nascido do fracasso, dos 'acertos inexatos' e da frustração;
O aroma das defuntas quimeras num absoluto zero Kelvin hipotérmico é o mesmo perfume fúnebre que permeia uma mente insípida e improdutiva, tão marcante como uma cicatriz que sangra num peito em estilhaços;
Mantém-se o autocontrole do desespero interior e o silêncio de um abismo com fortes ecos de solidão;
Nas entranhas do ser restou a fraqueza de espírito e uma mórbida, insistente e pedante tristeza;
A herança ingrata, mas talvez merecida, do que um dia foi esforço e vislumbre não atingido;
Recompensa vil de erros que em lágrimas e prantos desesperados e introspectivos almeja que apenas seja uma fugaz melancolia.
Gleidson Melo.
Às 22h19min de uma Primavera de 07 de Novembro de 2019.
Em passagem por Camalaú-PB.