CARTA DE UM POETA TRISTE
Perdoai!
Eu não queria
dizer-vos estes versos
torpes e híbridos...
Versos-miasmas
perdidos na mesmice
da velha mágoa...
Eu vos queria dizer
os versos mais lindos...
A palavra exata...
O poema-luz
que encanta
e enche os corações
de esperança
e de vida...
Eu não queria
atirar-vos estas pedras
rudes e frias...
Eu juro que não queria...
Eu não queria
ser esse poeta triste
e tão faminto...
Tão de sonhos desprovido...
Queria vos ofertar
a poesia-maior que em tudo há,
que em tudo existe...
Mas, tenho apenas
estes versos torpes
(estas pedras)
e essa dor
que em mim persiste...