Poema de um translúcido

Era noite de inverno e estava a caminhar

O álgido relento congelava-me as faces

Há pouco ruborizadas pelos repetidos cálices

Nem vinho tampouco o frio afugentaram aquilo a me acossar

Ainda era dia, eu bem me lembro

Quando, tomado em meus pensamentos

Em frente a lareira decidi-me afinal

A chama não ardia, não flamejava

Vi-me ali representado

Lúgubre e isolado

Nada além de estupor

Saltou-me o ímpeto, no entanto

E envolto em sonolência, terna e acolhedora

ela veio ao meu encontro