Santos Dumont

Já não recordo a ordem das ladainhas

Num relance rezei a um santo conhecido

Saí sem deixar nenhuma esmola aos pés

Mas pelo falar, quase lhe feria o ouvido.

A imagem já desgastada, ao lado de outra:

Cabelos brancos, manto azul e toda dureza.

Por tanto tempo sem meu terço, desobedeço

Contaminando os meus cânticos, já sem pureza.

A que divindade dirigir minha velha prece

Quando notar-me sem proteção num breu?

Se só dois na floresta em noite escura,

Como saber quem pedeu-se? O anjo ou eu?

Importa mesmo quem deu o passo em falso?

A escuridão não pergunta antes do ferimento,

A razão é o que menos importa pro cadafalso

Que resiste rangendo, sorrindo do desalento.