À Elegia

Eu sou o telefone público

Da calçada do Rosalina Passos

E a lanchonete falida encravada

Nos muros do cemitério fechado.

Eu sou a barba de Santo Inácio

Esquecida sob o rosado do tempo

E aquela pálida tinta da quadra

Pisoteada sobre rachado cimento;

Eu sou a velha prefeitura encoberta

Pela nova de arquitetura duvidosa

E sou a base de Padre Cícero

Abandonada no bar da praça ruidosa.

Talvez grande de lugar algum

Sou como Djalma, Bana, Bastião.

Eu sou memória de Valdemar,

Esvaindo dia após dia, em oração.

Sou, no trinta de julho, o que o Padre diz,

O sempre desconhecido filho ausente.

Eu sou o fardo infeliz: Carrego

Enfado da vida desde que sou gente.

Eu sou a pálida tinta da quadra,

O velho orelhão do hospital,

A barba esquecida do santo

Memória perdida sem ponto final