QUARENTENA

Triste é agora ver que o meu portão me separa do resto do mundo

Meu caminho curto só me leva para os mesmos quatro cantos da minha sala

Terra distante agora é arrumar o quartinho da bagunça

O sol se põe e as vezes nasce por sobre o limite do meu muro

E a linha do horizonte onde via distante cercado por montes não posso mais adimirar

Não quero acreditar que agora só me resta isso

Ver rostos descabelados, e corpos vestidos de pijamas e blusa com gola frouxa

Encontrar esses rostos que tanto beijava agora só na fria tela do celular

Difícil ter perspectiva de algo bom, quase impossível manter a lucidez

Inevitável não pensar em morrer

Não era essa paz que queria

Não era assim que imaginava encarar o apocalipse

Não era assim que imaginava ser meu Março, Abril e nem meu Maio

Conto de traz pra frente e costumo sempre dizer

Que cada dia vivido é um dia a menos pra essa loucura acabar.

Bruno Andradi
Enviado por Bruno Andradi em 14/04/2020
Código do texto: T6916339
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