QUARENTENA
Triste é agora ver que o meu portão me separa do resto do mundo
Meu caminho curto só me leva para os mesmos quatro cantos da minha sala
Terra distante agora é arrumar o quartinho da bagunça
O sol se põe e as vezes nasce por sobre o limite do meu muro
E a linha do horizonte onde via distante cercado por montes não posso mais adimirar
Não quero acreditar que agora só me resta isso
Ver rostos descabelados, e corpos vestidos de pijamas e blusa com gola frouxa
Encontrar esses rostos que tanto beijava agora só na fria tela do celular
Difícil ter perspectiva de algo bom, quase impossível manter a lucidez
Inevitável não pensar em morrer
Não era essa paz que queria
Não era assim que imaginava encarar o apocalipse
Não era assim que imaginava ser meu Março, Abril e nem meu Maio
Conto de traz pra frente e costumo sempre dizer
Que cada dia vivido é um dia a menos pra essa loucura acabar.