Céu acinzentado

Céu acinzentado

E o céu está acinzentado

Prelúdio da nefasta obscuridade

O cheiro pútrido amontoa-se em meu nariz

Desesperado, então fujo

Corro sobre torpes ruas, tão íngremes

Nunca estou seguro, falta-me o ar

Coração acelerado, pulsação intensa

E lá ao longe, projétil fatal

Duma ferina arma

Pólvora e sangue

Lama e descrença

Midiática indiferença

Meu sangue, teu sangue, nação sanguinária

Despojos largados ao léu

Abandonados em um lugar qualquer

Sem mais risos, sem mais lágrimas

Sem mais vida

É, o céu está acinzentado

Percebe-se que os deuses então de luto

Ou que o diabo ri seu riso alegremente

Mais uma alma

Menos uma alma

Falas emudecidas

Mãos e movimentos rijos

Mordaças que só a morte traz

E o céu, parece tão pleno

Tão plúmbeo, tão sereno

Tal com o corpo lá desfalecido

Menos uma voz no grito pela vida

E o céu, este permanece cinza!

Eduardo Benetti

Eduardo Benetti
Enviado por Eduardo Benetti em 03/06/2020
Código do texto: T6966508
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