Apenas um



As vezes tento, mas não consigo
traçar um perfil das coisas feitas,
errôneas ou certas, foram feitas,
passaram pelos dias comigo,
viveram meus anseios
morrendo nos desejos.
As vezes não entendo
as noites sem os beijos,
pelos orvalhos das auroras,
nos algures desertos,
pelos instantes incertos
que marcaram segundos,
que hoje formam um calendário
de frustrações e dores.
As vezes culpo os amores,
bem poucos,
apenas um que penetrou,
penetrou e irradiou tanta amargura.
As vezes culpo sem as razões,
em busca dos motivos
que compelem meus complexos,
aos surdos ruídos que a solidão enfrenta.
As vezes, também, tento acusar a vida,
trancando meus olhos
aos meus próprios defeitos,
desconhecendo que errôneo ou certo,
o tempo venceu as lamentações tardias
desta vida, que é toda ausência de tudo,
de apenas um, em tantos amores.