Tempo

Queria tornar a nascer naquele sol
onde brincamos, depois por um acaso
destes que a vida desenrola.
Fomos, até que o princípio viesse, namorados.
O início das ideias de amanhãs
turvaram o que era belo,
porém, insegura em suas bases,
apenas afetivas e sonhadoras.
Eram contos de menina moça
que desenrolávamos nas buscas,
nas surpresas e incertezas que o amortecia.
Mas não deixou de ser hilariante,
como também um doce e inconsequente,
vibrante e real devaneio.
Era como se estivéssemos na corda bamba.
Foi um balanço, um só balanço
no afeto dos poemas, nas pautas que ficaram
lidas no ontem que foi.
Hoje é época, uma passagem de vinda.
Você seguiu, eu vim.
Bem posso dizer que retornei,
como faço quando o passo é curto,
ou o medo de ficar me assusta.
Só que nascer naquela manhã,
fez sentido para que se possa valorizar,
dar crédito ao ato de viver.
E quando em mim acontece a chuva,
ela pode molhar o tanto já úmido
pelo frio do vazio que o existir faz,
nesta ausência sem renascimento,
também sem ressentimento
pelo que posso, pouco, denominar de vida.