Moldura

Estou pelas nuvens cinzas
sobre as luzes da cidade.
E mesmo que receba seus passos
em reverência quando cativa um ponto,
algum lugar afeito a encontro.
Hoje, como sempre, é véspera da morte.
Não quero me calar,
silenciar, que não mude o fator tempo,
apenas, se fica menos capaz,
forte para romper as frustrações,
as humilhantes frases que vingam,
urgem de minuto a minuto.
Mas hoje é véspera... Pode ser!
Foi dia como tantos.
As flores nos ramos receberam o carinho,
a água fresca, o sol desejado.
As folhas secas passeavam pelo chão.
Foi despir puro para a vestimenta nova,
a mudança para um mesmo tronco,
personificando o mesmo e delicioso fruto.
Também tenho a mesma raiz edificada
e não será na véspera que...
Que o intelecto formado ou deformado
fará uma radical modificação.
Não, nunca quero ser até o fim,
o incapaz, o impotente, o orgulhoso;
mas simplesmente o único que um dia,
que também é hoje, agora,
que amou, amou e quis sair com seu nome,
nome bem delineado na boca...
a imagem cravada no peito.
Há de parecer um paradoxo
sem definição exata,
mas, só nós sabemos como se define
algo que a terra consome, consumiu tudo,
por não ter quando ter sido, nada valeu.
São razões que me dobram e vencem,
até mesmo um dito grande amor,
que jamais será esquecido,
nunca, nunca o culpado,
muito menos pela vida, até a véspera
jamais, jamais subtraída.