Depressão


Já quase não dá para desdobrar,
desenrolar a fita; o laço aperta.
Cada segundo é motivo de tensão,
sobressalto, revolta; falta fé.
Não há aquele toque de esperança,
esperança na vida, no dia a dia.
Os anseios já extintos dão lugar,
vaga, apenas a busca da paz.
Talvez uma forma esquecida.
Quase não dá para aguentar.
Os distúrbios formam traços,
ruídos que passeiam na mente,
que negam qualquer razão para prosseguir.
O caminho fica negro,
as pessoas me confundem.
Não há absorção de vida.
Nada é mutável nas formas.
As nuanças não existem, são neutras.
Palavras soam, voam vagas, incertas.
Disfarço em sorrisos, conversas,
sem que participe ativamente.
O interior está despovoado, deserto,
alheio a tudo que gira.
Não há hoje, agora há falta de alguém.
Sim, falta de existir; a razão está fraca,
tomada pelos problemas, levando,
carregando o corpo meio combalido,
aniquilado pelo tempo.
Saiba, sou inteiramente desfeito.
Quero parar aqui, não dá mais.
Estou podre de viver, bem, existir.
Se amanhecer, anoitecer é vida?...