Sobre amor e folhas secas

O abraço da pequena folha seca

Por: Marcos

O frio matou a folha

O frio a pequena folha secou

E em tempos escuros

Eu choro baixinho

Nem sei o porquê

Afinal não há ninguém para escutar

Mas ainda me lembro das tardes frias de outono

Num dia desses, em que a alma triste e moribunda, sai para caminhar

O corpo arrastando a alma

Ou a alma arrastando o corpo

As lágrimas sangrando na garganta

Sem sequer se atreverem a sair, por medo de que alguém, por acaso, notasse as lágrimas no rosto de um homem invisível, o qual por acaso era eu.

Mas poderia ser qualquer um.

Numa tarde escura e fria

Com a alma sangrando de dor

Sentindo o vazio e a solidão na alma

Eu saí para caminhar

Como um robô que segue sem nada conseguir olhar

Até que parei para sentar num banco, bem debaixo de uma árvore grande e triste

Os olhos marejados

Perdidos de criança moribunda

Esperando em vão...

Um alento

Um abraço

Até que uma pequena folha seca veio voando pelo vento

E em meu peito também seco, a pequena folha seca bateu

Eu a acolhi em minhas mãos

A encarei com os olhos tristes de quem nunca sentiu paz

Tive pena da pobrezinha

Que um dia deveria ter sido verde, viçosa e cheia de vida

E hoje estava seca e morta

Assim como a alma cujo peito a pequena folha abraçou

Acolhi a pequena folha seca no colo

E enquanto a encarava

De meus olhos secos caíram lágrimas

Que a pequena folha seca molharam

Fiquei imaginando como seria bom

Se houvesse um milagre

Se tudo que fosse seco pudesse voltar a florescer apenas com a força de lágrimas banhadas de alma

Mas a vida sempre me ensinou que o fruto das lágrimas não era o milagre, mas apenas a grande dor

A pequena folha seca continuava morta

E mesmo seca, agora estava molhada de lágrimas

Veio o vento e para longe a pequena folha seca levou

Decerto a pequena folha seca cairia em outro lugar ou quem sabe em outra pessoa

Alguém que a jogaria fora ou lhe pisaria

Ou que na pequena folha seca sequer repararia

Mas, eu jamais poderei esquecer o abraço daquela pequena folha seca

Eu jamais esquecerei aquela pequena folha seca

Pois ao olhá-la naquele dia

Pude reconhecer nela, a minha alma

Que um dia em tempos distantes, tão distantes , talvez tenha sido verde, viçosa e cheia de vida

Mas hoje jaz seca e moribunda carregando o peso de um corpo também seco.

E eu fiquei imaginando como seria bom, se houvesse um milagre que pudesse fazer florescer tudo que está no mundo e dentro de nós mesmos.

Como seria bom

Se o verdadeiro Amor pudesse florescer em todas as pessoas

E em todos lugares do mundo

E inclusive aqui: dentro de mim.

Marcos Welber
Enviado por Marcos Welber em 23/08/2020
Reeditado em 19/11/2020
Código do texto: T7044151
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