Não ser suficiente

Quando ando na avenida, não lembro quantos passos caminhei,

O vento frio bate contra meu rosto, mas não me incomodei,

Esfreguei todas as vezes minhas mãos contra sua palma,

Mas eu nunca perdi a minha calma.

Subindo e descendo escadas, passando por todas as noites e tardes,

Das aulas que eu queria esquecer,

Noites que nunca quis dormir,

Aqueles tagarelas olhares,

Não me deixam descansar,

Minha cabeça sobre o travesseiro.

Pesam a espuma como bigorna,

A água fria, em meu peito é morna,

Na minha cabeça, não encontro descanso,

Nunca fui domado, nem dado como manso.

Cada dia que se passa, uma espada atravessa,

Ela pesa,

Me confina,

Nessa terra estrangeira,

Que cômodo, sou ave,

Suave, me deixou ficar,

Sufocando,

Precisando de ar.

Sobe novamente, sentimento egoísta,

De uma teoria mista,

Sobre meus calcanhares permaneço de pé,

Como se meus sentimentos fossem só luzes,

Do amarelado do mercúrio,

Enquanto atravesso quarteirões.

Se está tudo bem,

Quantas restrições eu mereço,

Estar no caminho certo,

Não é andar para frente dês do começo?

Porque me sinto punido,

Não munido de certeza.

É como um soco na boca,

O bater da perna num móvel,

A dor é insuportável,

Mas não pode gritar,

Pois ao seu ver, sofrer no silêncio,

Diferente de sofrer agudo,

É perturbo.

Talvez eu seja floco de neve em tempestade,

Granizo em chuva forte,

Cria de majestade,

Sombra de alguma morte.

Não estou agradado,

Nem sequer reclamo,

Se minha voz é calada,

Como pode pedir para fazer silêncio?

Estou me frustrando,

Estou definhando em agonia,

Nunca me pegaram de surpresa,

Dando motivo que sorria.

Me pergunto, quando me coloquei como prioridade,

Fiz algo sem querer magoar,

Procurei me parabenizar,

Pela pequena vitória de sobreviver,

Depois de tanto que morri,

Poderia novamente morrer?

Eu quero socar os móveis,

Quebrar porcelanas,

Arrancar portas,

Chorar em camas,

Mas meus desejos,

São menores e insignificantes,

Poderia eu no dia do Fico,

Ser considerado Ficante?

Pois, não fico do meu lado,

Nem sequer sei mais quem sou,

Muito menos quando não me desejei.

Queria ser entendido,

Compreendido,

Meu desejos são tão pequenos,

Que ficam menores que os planos superiores?

E quanto as minhas raivas?

Quanto as minhas dores?

Ninguém vê essas espadas,

Essas correntes?

Porque as cores da minha alma,

Estão transparentes?

Sinto falta de sentir a chuva,

Mesmo estando tão húmido,

Queria poder me alegrar,

Com esse luar,

Só há desagrado,

Não me sinto encontrado,

Apenas,

Fragmentado.

Pedi tão pouco,

Nem poderia chamar de ambição,

Mas me sinto tão triste,

Meu pouco, tem valor?

Meus braços doem,

De carregar tantos cacos,

Desse coraçãozinho machucado,

Que chamaria, se pudesse,

Eu mesmo.

Realmente,

Me sinto imprestável,

Pelo valor ser tão efêmero,

A ponto de colocar em dúvida, minha própria razão?

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 30/08/2020
Código do texto: T7049822
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