Semblante moribundo

Ninguém viu tua dor inebriante,

Pobre ser profano, mundano,

Que na glória extenuante

Abre caminho a galope insano.

Cortara altivos sonhos que adiante,

Em silêncio místico, estaria meditando

Na cruz simbólica do amor amante:

Vivendo, sofrendo, amando.

Ninguém viu teus últimos passos

De sorte, de vida, sempre inquieto

Em aterradores prazeres do mundo.

Mas viram os últimos dos últimos abraços

No corpo há muito secreto,

Em ardores do semblante moribundo.

Mayke M. Rezende