Para Maria

Não quero romantizar a dor,

Nem aprender com ela.

Quero denunciar, nesse compor,

O que ouvi de quem viviu nela.

Minha mãe, Maria, como tantas,

Viveu os dissabores da vida.

Criança, sofreu igual as santas

Emudecidas com as faces sentidas.

Não teve pai, e pra quê o teria?

Para espancar sua carne,

Maltratar sua alegria?

Teve mãe assim como toda Maria.

Em tudo sempre a dor. Em toda parte.

E dela se desfez como que em profecia.

Alexandre Rodrigues de Lima
Enviado por Alexandre Rodrigues de Lima em 03/12/2020
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