Tenho

Tenho uma flor entre os dedos - é plástico

Tenha uma vida entre os medos - é drástico

Só tenho tristezas para contar - nem conte

E só me resta atravessar - a ponte

Tenho teu rosto ante meus olhos - é foto

Tenho a solidão como companhia - é fato

E se os luzes não se acenderam - nem noto

É como se suicidar continuando vivo - no ato

Mas mesmo assim me escutem - eu grito

E mesmo se as pernas estão doendo - eu danço

O céu agora está escurecendo - é bonito

E a primeira estrela que aparecer - alcanço

Tenho uma promessa de amor - é morta

De um carinho inocente e terno - é tesão

E no fim deste escuro corredor - uma porta

E atrás da porta a mesma coisa - solidão

E se chega a mesma noite - não durmo

E na cama vem aquela agonia - viro de lado

E nem paro pra contar os cigarros - que fumo

E nem consigo descobrir o porquê - deu tudo errado

Mas mesmo assim me escutem - eu grito

E mesmo com os pés cansados - caminho

O céu agora está escurecendo - é infinito

E talvez um dia vá para lá - sozinho...

Carlinhos De Almeida
Enviado por Carlinhos De Almeida em 12/12/2020
Código do texto: T7133832
Classificação de conteúdo: seguro