Não tenho álibi.

Noticiaram através do rádio

que no último amanhecer

assassinaram o amor.

Não sei por que, mas vieram

até a minha casa e disseram-me

que sou um dos suspeitos do crime.

Inquiriram-me onde eu estava

na última noite; indagaram-me

com quem passei a madrugada.

Quiseram saber quais meus álibis,

e quando expus que passei a noite

sozinho, condenaram-me de pronto.

Não fui o responsável pelo crime,

mas nem dei importância pela

infração que me atribuíram...

Pior que ser um suspeito do crime,

mais terrível até que ser condenado,

foi admitir que na vida sou um solitário.