Sorria, sorria

Ressuscite-o, como sempre fizera

Deixe-o em suas lembranças, faça-o sua vela

Vela que te conforte em solidão, afinal, sem ela

Como poderia discursar dor, sofrimento e desilusão?

Apague-me, descarte-me, mesmo que eu resista

Fale que sou louco, me abrace, alegrando minha vida

Maltrate-me, diga que sou idiota, insensível, em órbita

E então, ressuscite-o, já que a lembrança te conforta,

Que bate, dia ou outro em sua porta, nunca deixara ir embora?

Por quê? Medo de ser feliz? Nula de memórias capciosas.

Amada minha, me diga o que tanto lhe aflita

Diga quais pedras deslizam em sua trilha florida?

Queria, junto a ti, caminhar sobre jardins de flores tulipas

Mas teu passado, amada linda, está em teu encalço

Chute-o para longe, distante, e seja livre, querida, livre.

Em lágrimas encerro está carta em desolação

Meu coração, sereia divina, se afoga e se embebeda em solidão

Quem sabe um dia, a quem duvida, sorria para mim

Como um dia sorrira, mas que, assombrada, se encontra tristinha.

Espero, como um cão, em sua porta, ao meio-dia

Sorria para mim, sorria, por favor, sorria

Para que minha vida encontre uma saída desta perdição tão corrosiva

Para que você ressurja linda, perfumada, cintilante à vista

Que seja divina, como fora outros dias, minha linda anja, porto minha.