No silêncio mudo...
dos mundos...






Morre a folha, varrida pelos ventos,
seguindo os fluídos dos tempos,
sem desesperanças,
pois nada quer...


E no silêncio, mudo, das coisas,
transitoriedades da vida,
seguem os dias, calados,
nas dores individuais...


Que é a vida, as construções primorosas,
no calendário de nossos dias,
que passam, num repente líquido,
onde as lágrimas parecem
que não secam...


Que são desejos, os tesouros ajuntados,
num monturo de memórias,
que levamos, ou deixamos,
quando, finalmente,
nos vamos...


Tantas dores sentidas,
nos aprendizados sofridos,
soluços de prantos contidos,
nos silêncios das almas,
que fingem alegrias...


E no silêncio mudo, dos mundos,
que individualmente nascem,
e crescem, carentes que somos,
do amor que tanto buscamos,
e queremos, mas raro damos...


Ah! Doce ilusão dos dias,
vividos com profundos pesares,
querendo construir monumentos,
deixando monturos destroçados,
nos corações aflitos
dos semelhantes...


E no silêncio das horas que passam,
ouço o canto dos pássaros,
o barulho do vento nas folhas,
o choro das mortes,
que velam almas penadas...


E então nascemos, no silêncio
da gestação, fecunda,
e vemos a luz,
que nos aquece,
com amor profundo...


E passam os dias, os tempos,
e então chegam as horas,
quando choramos as dores
das despedidas penosas,
que não podemos deter...


E no silêncio das dores,
no mundo individual de cada um,
sofremos coletivamente,
uma dor íntima,
só nossa...



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